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8 de julho de 2012

sentido único

Num certo sentido, isto: a realidade começa onde nós findamos. E o vazio transborda de ausência, a noite arrasta-se pelos dedos, sonho-te quando por fim adormeço, naquele que poderia ter sido o nosso lugar.
Feita animal mal domesticado fugi assim que a porta se abriu. E já não posso pedir-te resguardo, não agora que os cenários foram demolidos. Resta um flash constante por detrás dos meus olhos, as nossas cores, a nossa luz, a sombra de dois transeuntes pela avenida. Tu sempre tiveste qualquer coisa à prova de bala.
E eu entre a espada e a parede. 
De certo modo: a realidade findou quando nós começamos. E por muitos auto-regressos a que me proponha, mantenho-me à margem do presente. Repito incessantemente, em jeito de conforto: as coisas simples tornam-se lugares comuns.


Raquel Dias

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