A tua
ausência prematura cresceu-me no peito, as rosas desabrocharam, os dias
aqueceram,
não se pode ter tudo, claro que se pode ter tudo, eu tive-te um dia.
Pensamentos repetidos até à exaustão, uma porção de sementes, as cinzas, é de
nós a flor que brota,
são linhas retas, a avenida, a meta,
nem dei pela partida, sabes…
E a arte, a verdadeira arte pertence-te, o impenetrável império da carne
e do sangue, tu tens a chave, não ma devolvas!
Nas paredes colecciono murros e
furos, palavras que me decoram os olhos, borboletas na cabeça, espinhos
nas mãos, as rosas, claro.
A culpa é tua. Enlouqueceste-me.
E eu que tinha tantas saudades do futuro, e eu que tinha construído um muro…
Para quê. Para nada.
Já nem os discursos do senso comum me consolam.
Este ar é esmagador, ando nua pela casa, arrasto as asas pelo chão,
em tempos remotos eu voei,
lembras-te? tu estavas lá...
Agora aprendo o silêncio, a arte de simplificar o quotidiano,
vai-se andando, com desânimos contidos,
sentimentos moídos…
...nos vemos a la vuelta!
Raquel Dias
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