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30 de outubro de 2011

descendente de Caeiro

Talvez seja descendente de Caeiro,
e nele caibam também os sonhos do mundo inteiro,
como um tiro certeiro na imaginação pura,
que perdura enquanto o rio corre
e a débil flor morre,
- diria até – na perpétua fórmula natural
que equilibra o bem e o mal
o céu e as trevas,
as penas dos pássaros e o orvalho das ervas.
Jamais pensa a vida ou traduz
o que a palma da mão acaricia
em terna melodia
como que prolongasse a luz.
E no fascínio pela pura beleza
deixa tombar o rosto na mesa
e inala a madeira quente
o tecido das cortinas
o sentido que não mente
desde os dedos às narinas.
É feliz, acredito,
na simplicidade de cada manhã
a alma inata, verdadeira e sã,
o corpo aos desígnios do vento,
um ser jamais corrompido
pela doença do pensamento!


Raquel Dias

1 comentário:

Ricardo disse...

"É feliz, acredito,
na simplicidade de cada manhã
a alma inata, verdadeira e sã,
o corpo aos desígnios do vento,
um ser jamais corrompido
pela doença do pensamento!"

O que o teu silêncio dita, vale oiro!