Não existe qualquer propósito nesta arte,
neste plágio contínuo de mim mesma
desdobrada por entre resmas de papel
e sem nunca encontrar qualquer parte
que esteja imaculada, até decente
no meio de tamanha decadente vida…
E há palavras horríveis, com que pesar
me fitam de baixo, sabem-se minhas
e das linhas sugam-me o ar
a pupila dilata, quase me deixo morrer,
nas mãos das relíquias da memória
sem no entanto reconhecer
que é poesia a minha história
Nada mais que arte, que ilusão
quanta mentira nos meus versos!
um todo disperso, qual borboleta
que oscila entre a minha mão
e a prezada caneta.
E quanto saberei de mim afinal?
Raquel Dias
1 comentário:
"neste plágio contínuo de mim mesma"
...! (sem palavras)
E provavelmente sabes muito mais, do que aquilo que pensas!
Ricardo
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