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13 de junho de 2013

entretanto intermitente



Nada é como seria. Este é o pensamento que mais agonia me causa; fico-me pela pausa, pelo entretanto intermitente que se apodera dos momentos-chave. Uma voz grave superpõe-se à minha, na sombria indecisão dos afectos. Deixo-me levar por marés alheias, nas onomatopeias a que o teu corpo me obriga. Já nem sei que me motiva, e porque me castiga tanto a incompreensão... 
(É impressão minha ou também tu vacilas?)

Nisto se passam as horas, e tu demoras demasiado... 
Sacias-me o horror e deste amor brotam-me linhas. Sabia que vinhas. Já te conheço os passos. 
Depois o cansaço, a exaustão, o desmaio e intromissão. Chega a madrugada indecisa e eu revejo-te com tamanha precisão... Dá-se a colisão dos corpos ausentes, a mente é uma armadilha. 
Os pulmões enchem-se-me de esperança rarefacta. Logo desata a inquietude, a plenitude é um mito se nada é como seria.






Raquel Dias

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