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10 de junho de 2013

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A primeira pessoa andou ausente, mas...


Nada sei além de saber-te o sabor, sentir-te o suor e saborear-te a dor da despedida,
É um enigma, uma ferida constante, um beijo cortante, sangue na saliva,
Ver-te à luz das sombras, sempre que tombas e sossegas, os sonhos em que navegas,
Os teus olhos azuis vacilam, agitam-me a noite o dia, alimentam-me a fantasia,
Eu peço-te, tenho-te, mantenho-te indeterminadamente, na mente e nas mentiras,
Num êxtase que depressa se expira, inspiro-te cada recanto, e nesse encanto me afundo,
Resta o fumo e as cinzas, a memória imensa e lenta, a demência de que me acusas,
E tu usas-me sem pretexto, fora de contexto, eu subscrevo o teu jeito, o caminho estreito,
Conheço-te o mundo ao passar de um segundo,
Grito-te sem que me oiças até chegar ao fundo,
Agora vivo na inquietude da magnitude do teu nome,
Na constante fome que me consome a virtude
Pudesses tu ampliar-me a satisfação, talvez não fosse em vão toda a palpitação desmedida
A ferida constante, o beijo cortante, o sangue na saliva,
Talvez houvesse vida, e eu soubesse…?



Raquel Dias

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