eu a dizer-te fica, deixa-te ficar, de olhos exaustos líquidos
mendigos,
deixa-te ficar na expectativa, no limite dos assombros,
eu assusto-te quando choro?
e se me demoro na despedida, e se eu insistir, fica,
como é que ficamos?
como dois estranhos que se entrelaçam de súbito e logo
vestem as calças, procuram a blusa, então, adeus, adeus.
uma concubina chorona, ridículo, ora ai tens, para teu
desagrado, carne e osso e sangue e alma,
mais que uma vontade abrupta, uma suplicia, um deixa-te
ficar,
mas é que tu não vales um estalo.
depois eu ergo-me, eu arrumo, eu fumo um cigarro infeliz
amargo,
dissolvo-te em pensamentos maliciosos
e agradeço que te tenhas ido.
o perigo reside na permanência.
Raquel Dias
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