Eu quis esfolar os joelhos, quis rastejar abaixo da Terra, nos confins da
dignidade e roçar, muito ao de leve, a demência dos animais.
Quis ser um trapo, quis ser uma ruga. Uma gota de sangue que seca no canto da
boca. Um copo de vinho entornado. Uma pequena pedra profunda.
Eu fui porque quis. Sempre soube que não existiam prados verdejantes para
lá da cerca. Sempre soube que a água estava contaminada. Embebedei-me no
veneno, rastejei, gritei, não morri. Nunca morremos. Apenas desaprendemos.
Há quem diga que nunca soubemos.
Amar.
Raquel Dias
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