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20 de março de 2016

quero amar a natureza mas




évora, 2010




tomo o tempo de tombar-me na erva
fresca molhada amada pelas chuvas
formigas pulgas e até aranhas enquanto
revolvo as entranhas numa tentativa de 
ser menos altiva e mais humana num
longo fechar das pestanas mas
o sono foge-me trepa pela laranjeira
os pássaros sonham uma vida inteira
enquanto eu
tombada na erva fina sou 
mais citadina que nunca
expulsando as formigas
pulgas e aranhas do 
meu altivo desconforto
que arranha.



Raquel Dias

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