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29 de novembro de 2011

na tragédia e no deleite

A luz é fraca, é modesta,
É desta que me vou daqui.
Não suporto, não tenho como,
o silêncio que me morde os dedos
impiedosamente dançam
surgem letras, palavras da tua boca,
jamais ditas,
jamais tas direi.
A luz é fraca, que delírio
Na jarra de lírios assente na ombreira
As tuas olheiras,
As minhas telhas quebradas,
E as promessas
jamais partilhadas…
No secretismo pertencem
os teus olhos à pele despida
delicada branca doente
dos meus ombros de ossos salientes.
Que a luz nos embebede
Que nos leve e enlouqueça!
Que esta noite nos pertença
Na tragédia e no deleite,
pelo chão oblíquo da cozinha
O que me és, o que te sou,
Eu vou, não voltarei,
Assim que a luz se dilate
Adeus, direi.


Raquel Dias

1 comentário:

Anónimo disse...

Soa-me a Fausto... quase que se ouve a música, enquanto se lê.

(Tens olhares muito bonitos e muito bem descritos sobre este Universo... obrigado por os partilhares!)