vi-a cair num sono profundo, levava anos sem dormir: andava pelas ruas a coleccionar rostos, deixou-se obcecar pelas feições de tal modo abdicou dos sonhos. [talvez os tivesse acordada?]
havia uma floresta a poucos quilómetros, não densa ou intimidante, apenas alguns pinheiros amontoados e uma atmosfera silente.
certo dia decidiu procurar frontes pelo dito arvoredo, quiçá velhas almas fatigadas ou espíritos errantes, era quarta-feira, era um dia qualquer, e lá lhe sugaram a vida, dizem que foram os pinheiros sempre dados ao sossego dos mortos e não aos vícios dos noctívagos, verdade seja dita, vi-a cair num sono profundo de punhal atravessado ao peito.
Raquel Dias
1 comentário:
Belo texto, gostei imenso. Não sei como aqui vim parar, mas isso não interessa... acho que vou voltar!
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