Sinto as mãos inquietas. A urgência de escrever, de ser mais que isto. De ser talvez aquilo que um dia imaginei.
Guardo os olhos no chão. Caminho depressa.
Paro no café da esquina e bebo onde a sede não existe. Abro um livro que já li, numa página qualquer, invento uma mulher interessante.
Invisível e irresistível.
Sublinho linhas bonitas e invejo. Queria que fossem minhas.
Entretanto, o sol esconde-se por detrás dos edifícios. Dá-se o início do fim. O jardim morre devagar e dá lugar ao terror das sombras.
De mãos ancoradas nos bolsos, regresso. Atravesso os bancos vazios. As flores desmaiam. Os pássaros calam. Sinto-me também eu cansada.
Talvez do anonimato.
Talvez de submeter-me ao terrível ultimato de “ser mais que isto”.
Alguém aproxima-se e rompe o silêncio: “¿tienes fuego?”
(Será que tenho? Será que tenho alguma luz inata nas mãos? Ou será apenas ilusão, esta coisa do talento?)
Respondo: "no lo sé."
Guardo os olhos no chão.
Lembro-me que “o poeta vive a vida em dois tempos”. Dona do meu destino, ou pelo menos de uma metade, viro a face para a lua. “Y tú, ¿tienes fuego?” pergunto-lhe timidamente.
E ela mente ao dizer-me que sim.
Então percebo: para ser é preciso crer.
Sacudo os ombros e mudo de trajectória: sinto uma história a espigar das mãos desertas.
Será desta?
Guardo os olhos no chão. Caminho depressa.
Paro no café da esquina e bebo onde a sede não existe. Abro um livro que já li, numa página qualquer, invento uma mulher interessante.
Invisível e irresistível.
Sublinho linhas bonitas e invejo. Queria que fossem minhas.
Entretanto, o sol esconde-se por detrás dos edifícios. Dá-se o início do fim. O jardim morre devagar e dá lugar ao terror das sombras.
De mãos ancoradas nos bolsos, regresso. Atravesso os bancos vazios. As flores desmaiam. Os pássaros calam. Sinto-me também eu cansada.
Talvez do anonimato.
Talvez de submeter-me ao terrível ultimato de “ser mais que isto”.
Alguém aproxima-se e rompe o silêncio: “¿tienes fuego?”
(Será que tenho? Será que tenho alguma luz inata nas mãos? Ou será apenas ilusão, esta coisa do talento?)
Respondo: "no lo sé."
Guardo os olhos no chão.
Lembro-me que “o poeta vive a vida em dois tempos”. Dona do meu destino, ou pelo menos de uma metade, viro a face para a lua. “Y tú, ¿tienes fuego?” pergunto-lhe timidamente.
E ela mente ao dizer-me que sim.
Então percebo: para ser é preciso crer.
Sacudo os ombros e mudo de trajectória: sinto uma história a espigar das mãos desertas.
Será desta?
Raquel Dias
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